1
olhos de cão não
nos dizem não revelam
os olhos do seu
dono
perseguem no vazio
a menor parcela
pela cota
do carinho impossível
2
leque mais fino
que o da mais refinada madame
nada refresca nada abana
de vento sob o sol
corisca sob os olhos do seu dono
que nesse leque inventa
um novo esboço (assim
enxerga) do amor
3
parte do cão existe
a outra insiste sendo o cão
das pulgas
a pata não desliza não há
suavidade – pinça sobre o pelo –
e ao se rasgar
sequer retraça o rastro
que em sua pele
mora
e do seu lar faz presa
a boca em vão
avança sobre a boca
que sobre ele avança
4
a foto não encontra o que no cão
ainda permanece cão encontra
outra forma que sobre o pelo adere
sem encontrar a pele o cheiro o corpo
que forma o cão que ali não mais se encontra
gostei e a partir de agora vou acompanhar o que escrevem por aqui. Bjs!