com meus cachorros ando em meio aos bosques
e vejo pedras e rios e flores
contente
porque sei serem apenas pedras e rios e flores
e sei serem os meus cachorros apenas cachorros
que pensam com olhos e patas e orelhas e estômago
e que cagam por tudo
– pobres das flores nos canteiros dos jardins regulares –
e a multa que levarei
se ali deixar os cocôs
é apenas multa e por isso chamamos
multa
e os cocôs
que são apenas cocôs
recolho contente
um poeta diria
que merda!
mas não sou poeta
e porque veríamos uma coisa se houvesse outra?
ide, ide de mim!
assim é a ação humana pelo mundo afora
– catando cocôs e não pensando em nada –
e a estrada não ficou mais bela
nem sequer mais feia
com a passagem do animal, que fica lembrada no chão
Vinicius Ferreira Barth