Meu primeiro contato com a poesia de Édouard-Joachim “Tristan” Corbière foi por completo acaso, num sebo de Curitiba, ao abrir o volume da tradução do poeta e tradutor Marcos Siscar dos seus Os Amores Amarelos (editora Iluminuras) diretamente na página do poema “Bonne fortune et fortune” (apresentado na seleção abaixo), essa paródia tão espirituosa do famoso poema da passante de Baudelaire – e bastou para me ganhar como leitor.
Nascido em 1845 na região da Bretanha, filho de Antoine-Édouard Corbière, autor do romance best-seller Le Négrier, Tristan teve uma vida atormentada por uma relação angustiada com os pais, pelo sistema educativo, a solidão, a depressão e a péssima saúde (que lhe rendeu um reumatismo desfigurador). Teve uma morte precoce, de tuberculose, em 1875, sem nem completar 30 anos, e dois anos antes publicou (com o dinheiro do pai) seu único livro, Les Amours Jaunes (“Os Amores Amarelos”, que serve de título à seleção de Siscar, ainda que não seja o volume completo) . No entanto, ele só passa a ser conhecido por algum público e pelos círculos literários de Paris muito mais tarde, em 1884, com sua inclusão entre a seleção de poetas malditos de Verlaine (um título de baixeza que ele passou a carregar desde então) e com a menção que Joris-Karl Huysmans faz ao poeta e seu livro no infame romance Às Avessas, publicado no mesmo ano. No capítulo 14, um capítulo estranho deste livro estranho, dedicado à crítica literária da obra de seus contemporâneos, o narrador comenta como o dândi Des Esseintes, o protagonista, “em seu ódio pelo banal e lugar-comum” já tinha passado “muitas horas agradáveis com esse volume”, cujo estilo “mal era francês” – o que, no contexto, trata-se de um elogio.
Como nos lembra Siscar na utilíssima introdução ao livro (parte da dissertação, aliás, do poeta/tradutor), é difícil definir ao certo o seu estilo, e agrupá-lo, como se costuma fazer, sob o termo geral do simbolismo é sempre uma classificação meio capenga, ainda que ele ocasionalmente fizesse poemas que se enquadrassem numa estética bastante baudelairiana, cuja ironia Corbière leva a um passo adiante. O crítico Edmund Wilson, no influente ensaio O Castelo de Axël, o inclui na linha da poesia chamada coloquial-irônica (em oposição à séria-estética), que influenciaria ainda Jules Laforge, na poesia francesa, e T. S. Eliot, na poesia inglesa moderna – e que, segundo Augusto de Campos (como afirma na introdução ao seu volume Keats e Byron: Entreversos), seria descendente de uma linhagem que remontaria ao Lorde Byron ácido e mordaz de Childe Harold e Don Juan. Não seria exagero dizer que esta linhagem teve muitos bons descendentes ainda em pleno no século XX, sobretudo na poesia brasileira, inclusive, o que talvez seja um dos motivos pelos quais a poesia de Corbière ainda não raro nos soa bastante contemporânea. Parece-me provável, no entanto, que esse parentesco moderno brasileiro com Corbière tenha ocorrido indiretamente, já que a recepção do próprio poeta em nosso solo foi muito tardia e não se deu na mesma escala de um poeta como Baudelaire – como nos prova o levantamento de suas traduções feito recentemente pela Denise Bottman. Não deixa de ser curiosa, porém, a relação entre a imagética recorrente do sapo em seus poemas – ao que tudo indica, o equivalente corbièriano do albatroz de Baudelaire, no que se refere à figura do poeta – e o célebre poema hit da semana de 22 de Manuel Bandeira.
Desta vez não ofereço uma seleção de poemas traduzidos por mim, apenas as traduções de Siscar. Como ele elenca ainda, outros tradutores que já lidaram com Corbière foram Augusto de Campos, Nelson Ascher, Régis Bonvicino, Pedro Kilkerry e Luis Martins, de quem espero poder tratar em uma outra ocasião. Os poemas que escolhi para compartilhar aqui, portanto, foram sete: Um deles é um dos sonetos da sessão intitulada “Paris” (composta de 8 sonetos ao total, dos quais Siscar traduziu 3), acompanhado de “I Soneto”, uma tirada irônica do estilo parnasiano (que se desenvolveu nos círculos literários de Paris simultaneamente e algo mesclado com o estilo dito simbolista), “Aventura Galante e A Ventura” e “O Cachimbo do Poeta”, duas paródias baudelairanas, e por fim “O Sapo”, um dos poemas em que surge a imagem crua do próprio poeta como uma criatura baixa, “Natureza morta”, parte dos poemas mais apropriadamente simbolistas de Corbière, e “Desencorajoso”.
Por fim, algumas palavras sobre a tradução de Siscar. No geral, há pouco o reclamar de seu trabalho: o poeta soube manter o estilo telegráfico, interrompido, pouco fluido, de Corbière (evidente nas frases curtas e quebradas e no uso da pontuação, especialmente no poema da passante), que outros tradutores poderiam se sentir tentados a deixar mais “natural”, e não teve pudor de recorrer a coloquialismos como traduzir a expressão “faire le trottoir” como “fazer o ponto” (como faziam e ainda fazem as prostitutas). O que tenho a criticar seria de um ponto de vista formal, na medida em que algumas das soluções de rimas de Siscar poderiam ter sido mais elaboradas. Sons finais como “-ado(a) “, “-ida”, “-ia” e “-ão” são, talvez, um pouco frequentes demais e acabam por deixar menos convincente o efeito geral dos versos em que se veem presentes, em relação ao que se poderia fazer com sons finais menos comuns – e creio que não seja nenhuma declaração bombástica afirmar que uma rima ruim é capaz de, por assim dizer, estragar todo um verso que poderia ser bom. No poema “I soneto”, por exemplo, apesar de que a palavra “clorofórmio” (chloroforme) esteja lá apenas para fazer uma rima bizarra e inesperada com “forma” (forme) (o que retoma uma discussão que já tivemos aqui, com a girafa de Jacques Prévert), ela é uma palavra cuja estranheza expressiva (decorrente da morbidez clínica algo característica de alguns momentos de Corbière e de tantos outros poetas acometidos das moléstias do século XIX) não me parece presente na escolha da rima com o latinismo pro-forma na tradução. Enfim, são detalhes e não obscurecem a qualidade da empreitada de Siscar, nem o valor do volume como uma importante e devida apresentação e estudo do poeta, além de uma incitação para um dia talvez vermos a sua (não muito extensa) obra completa traduzida.
(Adriano Scandolara)
(de PARIS)
Bastardo de Crioula e Bretão
Ele viu Paris – aglomerado,
Bazar que da pedra é privado,
Onde o sol é um vago borrão.
– Ânimo! Em fila… à multidão
Um guarda te empurra – cuidado! –
…Incêndio sem luz, apagado;
Baldes passam, vazios ou não. –
E a Musa, donzela desdita,
Fez o ponto qual senhorita.
Diziam: Quais são seus talentos?
– Nenhum. – Estúpida ficava,
Alheia ao vazio que soava
Só olhava passar o vento…
PARIS
Bâtard de Créole et Breton,
Il vint aussi là — fourmilière,
Bazar où rien n’est en pierre,
Où le soleil manque de ton.
— Courage ! On fait queue… Un planton
Vous pousse à la chaîne — derrière ! —
… Incendie éteint, sans lumière ;
Des seaux passent, vides ou non. —
Là, sa pauvre Muse pucelle
Fit le trottoir en demoiselle,
Ils disaient : Qu’est-ce qu’elle vend ?
— Rien. — Elle restait là, stupide,
N’entendant pas sonner le vide
Et regardant passer le vent…
I SONETO
ACOMPANHADO DE MODO DE USAR
Pautar a folha e caprichar na letra;
Versos fiados à mão e de um pé uniforme,
Marcando o passo, quatro a quatro, em pelotão;
Indicando a cesura, eis que um deles dorme…
Soldado de chumbo, ele dorme em posição.
Sobre o railway de Pindo está a linha, a forma;
E nos fios do telégrafo: – são quatro, acima;
Em cada poste, a rima – um exemplo: pro forma.
Cada verso é um fio, cada estaca uma rima.
– Telegrama – 20 palavras – Tu vens e medes
(Sonetos – é um soneto – ), ó Musa de Arquimedes,
– A prova do soneto é uma adição;
– Soma-se 4 e 4 = 8! E logo em seguida
Soma de 3 e 3! – Manter Pégaso à brida:
“Ó lira! Ó delírio! Ó…”- Soneto – Atenção!
Pico da Maladetta. – Agosto
I SONNET
AVEC LA MANIÈRE DE S’EN SERVIR
Réglons notre papier et formons bien nos lettres :
Vers filés à la main et d’un pied uniforme,
Emboîtant bien le pas, par quatre en peloton ;
Qu’en marquant la césure, un des quatre s’endorme…
Ça peut dormir debout comme soldats de plomb.
Sur le railway du Pinde est la ligne, la forme ;
Aux fils du télégraphe : — on en suit quatre, en long ;
À chaque pieu, la rime — exemple : chloroforme,
— Chaque vers est un fil, et la rime un jalon.
— Télégramme sacré — 20 mots. — Vite à mon aide…
(Sonnet — c’est un sonnet —) ô Muse d’Archimède !
— La preuve d’un sonnet est par l’addition :
— Je pose 4 et 4 = 8 ! Alors je procède,
En posant 3 et 3 ! — Tenons Pégase raide :
“Ô lyre ! Ô délire ! Ô…” — Sonnet — Attention !
Pic de la Maladetta. — Août.
AVENTURA GALANTE E A VENTURA
Odor della feminità.
Eu faço o ponto, quando belo vai o dia,
Para a passante que, com satisfação,
À ponta da sombrinha me fisgaria
O piscar da pupila, a pele do coração.
E acho que estou feliz – um pouco – é a vida:
O mendigo distrai a fome na bebida…
Um belo dia – triste ofício! – eu, assim,
– Ofício!.. – velejava. Ela passou por mim.
– Ela quem? – A Passante! E a sombrinha também!
Lacaio de carrasco, toquei-a… – porém,
Contendo um sorriso, Ela espiou meus botões
E… estendeu-me a mão, e…
me deu uns tostões.
Rua dos Mártires.
BONNE FORTUNE ET FORTUNE
Odor della feminitá.
Moi, je fais mon trottoir, quand la nature est belle,
Pour la passante qui, d’un petit air vainqueur,
Voudra bien crocheter, du bout de son ombrelle,
Un clin de ma prunelle ou la peau de mon cœur…
Et je me crois content — pas trop ! — mais il faut vivre :
Pour promener un peu sa faim, le gueux s’enivre…
Un beau jour — quel métier ! — je faisais, comme ça,
Ma croisière. — Métier !… — Enfin, Elle passa
— Elle qui ? — La Passante ! Elle, avec son ombrelle !
Vrai valet de bourreau, je la frôlai… — mais Elle
Me regarda tout bas, souriant en dessous,
Et… me tendit sa main, et…
m’a donné deux sous.
Rue des Martyrs.
O CACHIMBO DO POETA
Sou o Cachimbo de um poeta,
Sua ama: que a Besta lhe aquieta.
Quando um sonho cego apanha
A fronte em seu louco trajeto,
Fumego… e ele, no seu teto,
Já não vê as teias de aranha.
…Eu dou-lhe um céu de paisagens:
Nuvens, mar, deserto, miragens;
– Seu olho morto ali se perde…
E quando a névoa se faz pesada
Crê ver uma sombra passada,
– E minha boquilha ele morde…
Outra tormenta desabrida
Solta-lhe alma, corrente e vida!
…Sinto-me que apago. – Ele dorme –
···················
– Dorme, pois dorme a Besta lassa.
Traga do sonho o conteúdo…
Pobre amigo!… a fumaça é tudo.
– Se é certo que tudo é fumaça.
Paris. – Janeiro.
LA PIPE AU POÈTE
Je suis la Pipe d’un poète,
Sa nourrice, et : j’endors sa Bête.
Quand ses chimères éborgnées
Viennent se heurter à son front,
Je fume… Et lui, dans son plafond,
Ne peut plus voir les araignées.
…Je lui fais un ciel, des nuages,
La mer, le désert, des mirages;
— Il laisse errer là son œil mort…
Et, quand lourde devient la nue,
Il croit voir une ombre connue,
— Et je sens mon tuyau qu’il mord…
— Un autre tourbillon délie
Son âme, son carcan, sa vie !
… Et je me sens m’éteindre. — Il dort —
···················
— Dors encor: la Bête est calmée,
File ton rêve jusqu’au bout…
Mon Pauvre !… la fumée est tout.
— S’il est vrai que tout est fumée…
Paris. — Janvier.
O SAPO
Um canto na noite sem ar…
No seu metal claro o luar
Grava rasgos de verdescuro.
…Um canto: um eco, enterrado
Vivo, ali, naquele fossado…
– Calou-se: olha ali, no escuro…
– Um sapo! – Por que o pavor,
Perto do teu fiel soldado!
Vê, sem asa, um poeta tosquiado,
Rouxinol da lama… – Horror! –
…Ele canta. – Horror!! – Erro teu…
Não vês a luz que o olho irradia?…
Não: já se foi sob a pedra fria.
···················
Boa noite – o sapo sou eu.
Esta noite, 20 de julho.
LE CRAPAUD
Un chant dans une nuit sans air…
— La lune plaque en métal clair
Les découpures du vert sombre.
… Un chant ; comme un écho, tout vif
Enterré, là, sous le massif…
— Ça se tait : Viens, c’est là, dans l’ombre…
— Un crapaud ! — Pourquoi cette peur,
Près de moi, ton soldat fidèle !
Vois-le, poète tondu, sans aile,
Rossignol de la boue… — Horreur ! —
… Il chante. — Horreur !! — Horreur pourquoi ?
Vois-tu pas son œil de lumière…
Non : il s’en va, froid, sous sa pierre.
···················
Bonsoir — ce crapaud-là c’est moi.
Ce soir, 20 Juillet.
NATUREZA MORTA
Dos cucos o Ângelus soturno
Pôs em sobressalto o noturno
Pêndulo do velho, o cuco,
E o corujão, de sentinela,
Em sua carcaça onde a vela
Incendeia o olho oco.
– Escuta: a coruja emudece…
– Ranger de roda: eis que aparece
O Carro da Morte na estrada…
E a gralha alegre voa junto
Ao teto em luto onde o defunto
Padece a festa antecipada.
Bretanha. – Abril
NATURE MORTE
Des coucous l’Angélus funèbre
A fait sursauter, à ténèbre,
Le coucou, pendule du vieux,
Et le chat-huant, sentinelle,
Dans sa carcasse à la chandelle
Qui flamboie à travers ses yeux.
— Écoute se taire la chouette…
— Un cri de bois : C’est la brouette
De la Mort, le long du chemin…
Et, d’un vol joyeux, la corneille
Fait le tour du toit où l’on veille
Le défunt qui s’en va demain.
Bretagne. – Avril
DESENCORAJOSO
Foi um poeta verdadeiro: Não tinha canto.
Morto: ele amava o dia e desdenhava o pranto.
Pintor: ele não pintava, esquecido que era…
Ele via muito – e ver é uma cegueira.
– Sonhador: habitava o sonho, que se esvai,
Sem ir com ele às nuvens, de onde se cai,
Sem abrir seu personagem e buscar-se dentro.
– Puro herói de romance: ele adorava a loura
Bruma ao sol que amorena, e a lua que nos doura…
Mas não amava nunca – Ele não tinha tempo. –
– Explorador incansável: Remos a remar
Cá embaixo ele via, do alto de seu olhar,
Lasso de piedade pelas boas remadas…
Mineiro das idéias: tocava a fronte espessa,
Para coçar uma espinha ou coçar a cabeça
Em seu trabalho – Fazer nada. –
– Falava: “Sim, a Musa é estéril! é filha
De amor, ociosidade, prostituição;
Não deformem a moça em ventre de família
Que cobre o garanhão para a reprodução!
“Entornem a massa, pedreiros das idéias!
Vocês que, amados por seu capricho insensato,
–Tudo é vaidade! -, quando o dia clareia,
Mostram-na com alarde aos olhos dos beatos!
“Ele acariciava, como se afoga um gato,
E vocês prenderam sua asa ou seu véu,
Orgulhosos de empunhar a pluma do pato,
Ou pó-de-mico, para agitar o pincel!”
– Ele dizia: “Ó florinha! Ingênuo Oceano!
Não creiam que nos faltem pintores e poetas!…
O vidraceiro pinta! e tem por sucedâneo
Um cego que canta raspando a palheta,
Ou um cego que pinta com a clarineta!
–É isso a arte?…”
– Restou-lhe no Sublime Besta
Afogar o orgulho vazio e a virgindade.
Mediterrâneo.
DÉCOURAGEUX
Ce fut un vrai poète : Il n’avait pas de chant.
Mort, il aimait le jour et dédaigna de geindre.
Peintre : il aimait son art — Il oublia de peindre…
Il voyait trop — Et voir est un aveuglement.
— Songe-creux : bien profond il resta dans son rêve ;
Sans lui donner la forme en baudruche qui crève,
Sans ouvrir le bonhomme, et se chercher dedans.
— Pur héros de roman : il adorait la brune,
Sans voir s’elle était blonde… Il adorait la lune ;
Mais il n’aima jamais — Il n’avait pas le temps.
— Chercheur infatigable : Ici-bas où l’on rame,
Il regardait ramer, du haut de sa grande âme.
Fatigué de pitié pour ceux qui ramaient bien…
Mineur de la pensée : il touchait son front blême,
Pour gratter un bouton ou gratter le problème
Qui travaillait là — Faire rien. —
— Il parlait : « Oui, la Muse est stérile! elle est fille
“D’amour, d’oisiveté, de prostitution ;
“Ne la déformez pas en ventre de famille
“Que couvre un étalon pour la production!”
“Ô vous tous qui gâchez, maçons de la pensée!
“Vous tous que son caprice a touchés en amants,
” — Vanité, vanité — La folle nuit passée,
“Vous l’affichez en charge aux yeux ronds des manants!
“Elle vous effleurait, vous, comme chats qu’on noie,
“Vous avez accroché son aile ou son réseau,
“Fiers d’avoir dans vos mains un bout de plume d’oie,
“Ou des poils à gratter, en façon de pinceau!”
— Il disait: “Ô naïf Océan! Ô fleurettes,
“Ne sommes-nous pas là, sans peintres, ni poètes!…
“Quel vitrier a peint ! quel aveugle a chanté!…
“Et quel vitrier chante en râclant sa palette,
“Ou quel aveugle a peint avec sa clarinette !
“— Est-ce l’art ?… “
— Lui resta dans le Sublime Bête
Noyer son orgueil vide et sa virginité.
Méditerranée.
(traduções de Marcos Siscar)