dahlia ravikovitch

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Dahlia Ravikovitch (דליה רביקוביץ) foi uma poeta israelense, nascida em 1936 num subúrbio de Tel Aviv, na época Mandato Britânico da Palestina. Foi uma das formadoras da poesia israelense contemporânea, ao lado de Yehuda Amichai (1924-2000), Natan Zach (1930) e David Avidan (1934-1995), publicando doze volumes de poesia, três coletâneas de contos e vários livros infantis, bem como traduções, para o hebraico, de autores como Yeats, Poe e T. S. Eliot. Além de poeta, foi jornalista, formada pela Universidade Hebraica de Jerusalém, ativista pela paz e pelos direitos dos palestinos. Morreu em agosto de 2005.

Logo abaixo, um poema em tradução de Adriano Scandolara, via tradução inglesa de Tsipi Keller. No primeiro número impresso do escamandro, que logo sairá, teremos mais traduções.

PS: Tsipi Keller (nascida em Praga, criada em Israel, mas residente nos EUA desde 1974) é prosadora e uma figura importante da tradução de autores israelenses, responsável por diversas coletâneas de tradução para o inglês de poesia e prosa em hebraico moderno, incluindo Poets on the Edge: An Anthology of Contemporary Hebrew Poetry (Suny Press, 2008), do qual foram retirados os poemas de Dahlia Ravikovitch aqui retraduzidos para o português.

Adriano Scandolara é poeta e tradutor de Curitiba, nascido em 1988, formado e mestre em estudos literários pela UFPR, onde pesquisou e traduziu a poesia do romântico Percy Bysshe Shelley (mais especificamente o poema Prometeu Desacorrentado, inédito). Publicou em 2013 seu primeiro livro de poemas, Lira de Lixo, pela editora Patuá.

Confiram mais alguns poemas de Ravikovitch em um post anterior no escamandro, clicando aqui.

escamandro

           

Presságios

Quando o copo cai
um caco dispara,
e um papel escorrega,
e algo mexe ou se move,
e algo se parte em sua estrutura ––
é preciso ficar sempre de guarda.

Agora escrevo e paro
para pensar
quantas folhas de papel entalaram na minha garganta.
Eu, se assim posso dizer, não sou mais eu.
Estou partida, definhando rápido.
Um tremor no ar. Falta um padrão.
Talvez seja eu que caia depressa.

E eu me recuso a acreditar.
Simplesmente me recuso a ver.

           

Omens

When the glass drops
a splinter shoots,
and a piece of paper slips,
and something shifts or stirs,
and something splits from the proper frames ––
one must always be on guard.

Now I write and pause,
to think,
many sheets of paper got stuck in my throat.
I, if I may say so, am no longer I.
I’m split, wasting fast.
A quiver in the air. The mould is missing.
Perhaps it is I who’s dropping quickly.

And I refuse to believe it.
I simply refuse to see.

           

סימנים

,כְּשֶׁהַכּוֹס נוֹפֶלֶת
,רְסִיס נִתָּז
וּפִסַּת נְיָר נִשְׁמֶטֶת
וּמַשֶּׁהוּ זֶח אוֹ זָז
וּמַשֶּׁהוּ חוֹרֵג מִן הַמִּסְגֶּרֶת הַנְּכוֹנָה
.צָרִיךְ לְהִשָּׁמֵר מִזֶּה מְאֹד

,עַכְשָׁו אֲנִי כּוֹחֶבֶת וּמַפְסִיקָה
,אֶפְשָר לַחְשׁׂב
.דַּפֵּי נְיָר רַבִּים נִתְקְעוּ לִי בִּגְרוֹנִי
.אֲנִי, אִם אֶפְשָׁר כָּךְ לוֹמַר, כְּבָר לֹא אֲנִי
.אֲנִי לְמֶחְצָה, פּוֹחֶתֶת בִּמְהירוּת
,יֵשׁ נִיעַ בָּאֲוִיר. הַתַּבְנִית חֲסֵרָה
.אוּלַי אֲני הִיא הַנּוֹפֶלֶת בִּמְהִירוּת

וַאֲנִי מְסָרֶבֶת לְהַאֲמִין
.אֲני מַמָּשׁ מְסָרֶבֶת לִרְאוֹת

           
(poemas de Dahlia Ravikovitch, traduções para o português de Adriano Scandolara, via tradução inglesa de Tsipi Keller)

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