Gaspard de la Nuit

Autoporttrait-Bertrand-Aloysius

Louis Jacques Napoléon Bertrand – ou Aloysius Bertrand, que era como assinava seus textos – foi um poeta francês do começo do século XIX. Piemontês nascido em Ceva, em 1807, à época território francês, Aloysius passou a maior parte de sua vida na cidade de Dijon, cuja variedade arquitetônica de construções do passado, remetendo aos períodos capetiano, gótico e renascentista, serviu claramente de inspiração para a atmosfera de suas composições. Apesar de bem recebido em Paris, onde morou por um breve período, por figuras literárias importantes como Charles Nodier e Victor Hugo, preferiu manter uma vida sem maiores reconhecimentos, trabalhando como jornalista em Dijon mesmo. Seu grande livro, Gaspard de la Nuit: Fantasies à la manière de Rembrandt et de Callot, foi concluído em 1836, mas só pôde ser publicado em 1842, um ano após o autor morrer de tuberculose.

Considerado pioneiro do gênero do poema em prosa, pelo menos em língua francesa, Gaspard de la Nuit é um livro bastante curioso. Ficcionalmente, ele consiste de um livro dentro de um livro, isto é: de seus 65 textos, 64 deles são apresentados como textos contidos em um volume chamado Gaspard de la Nuit, cuja autoria é atribuída a uma figura misteriosa com esse mesmo nome (que, por acaso, é o diabo) que o autor relata ter encontrado no primeiro texto do volume, o mais longo deles, que tem o título “Gaspard de la Nuit”. É um pouco confuso de explicar, mas é fácil de entender com o livro em mãos, observando a sua estrutura: há esse primeiro poema em prosa, mais longo, que carrega o título dos dois livros (o ficcional e o real), só então seguido pelo prefácio e a dedicatória a Victor Hugo e depois a folha de rosto com os dizeres “As Fantasias de Gaspard de la Nuit” e “Aqui começa o primeiro livro das Fantasias de Gaspard de la Nuit”. Ao todo, o volume se divide em 6 seções, chamadas de 6 livros: “Escola Flamenga”, “A Velha Paris”, “A Noite e suas Seduções”, “As Crônicas”, “Espanha e Itália” e “Silvas”, ao que se segue uma segunda dedicatória, a Saint-Beuve, e uma sétima seção chamada de “Peças Soltas: Extraídas do Portfólio do Autor”. O subtítulo do volume – fantasias à moda de Rembrandt e Callot – remete a dois pólos simbolicamente representados pelos dois gravuristas que, para o tal Gaspard, formariam o esboço de uma teoria estética exposta pela obra: Rembrandt seria, segundo o prefácio, “o filósofo de barba branca que se encolhe em seu reduto, que absorve o pensamento na meditação e na prece, que fecha os olhos para se recolher, que se entretém com os espíritos da beleza, da ciência, da sabedoria e do amor, e que se consome a penetrar os misteriosos símbolos da natureza”, ao passo que Callot “é o soldado fanfarrão e chulo que se pavoneia em público, que faz barulho na taverna, que acaricia as filhas dos ciganos, que não jura senão por seu espadagão e sua escopeta, e que não tem outra preocupação que não a de encerar o bigode”. Algo como os pólos Ariel e Calibã do nosso Álvares de Azevedo então, mas talvez aqui mais mistos do que separados, como são na Lira dos Vinte Anos.

Em português, temos uma tradução de Gaspard de la Nuit feita pelo poeta e tradutor José Jeronymo Rivera e publicada pela editora Thesaurus, de Brasília, em 2003, com prefácio de Xavier Placer. É dela que eu retiro os poemas em prosa que reproduzo abaixo, tanto como uma muito necessária divulgação de uma edição importante, quanto como um ponto para futuras discussões aqui sobre o poema em prosa. Rivera também foi tradutor responsável por volumes como Poesia Francesa: Pequena Antologia Bilíngüe, Cidades Tentaculares, de Émile Verhaeren, e Rimas, de Gustavo Adolfo Bécquer (esses três também pela Thesaurus), além de Poetas do Século de Ouro Espanhol (2000) e os volumes de tradução de Victor Hugo, O Sátiro e Outros Poemas (2002) e Victor Hugo: Dois Séculos de Poesia (2002). Mas talvez antes fosse interessante fazermos uma breve digressão sobre essa forma algo polêmica que é o poema em prosa.

Gaspard-de-la-nuit (Félicien Rops)Apesar de desconhecido em vida, Bertrand foi lido por ninguém menos que Baudelaire, que confessa sua influência na composição de seu próprio volume de poemas em prosa, Le Spleen de Paris (1869). A questão de o que diabos é a poesia em prosa é um assunto espinhoso: Bertrand costuma ser creditado como pai do gênero, mas Xavier Placer já identifica um antecessor em William Blake, no Matrimônio do Céu e do Inferno (1790), ao que poderíamos somar ainda, na Alemanha, o exemplo dos Hinos à Noite (1800) de Novalis, que misturam prosa e verso. E então em Baudelaire encontramos provavelmente a encarnação mais influente da forma em sua versão moderna, oscilando entre a dicção romântica, dotada do medievalismo e temas sentimentais e metafísicos que marcam essas obras anteriores, e o rumor das ruas da vida urbana, que também são elementos constituintes da poesia em prosa das Illuminations e Une Saison en Enfer, de Rimbaud. Não posso pretender dar qualquer resposta sobre o que define de fato o poema em prosa – em oposição aos outros tipos de prosa, como a prosa narrativa dos contos e dos romances –, mas, se me perguntassem, eu arriscaria começar a discussão afirmando que se trata de uma questão de foco. Quando um prosador começa a escrever um conto ou um romance, ele costuma ter uma ideia geral de como são os personagens que terão parte nele (sua personalidade, suas motivações, sua história de fundo) e das situações às quais eles estarão submetidos – e então a narrativa trata de avançar essas situações (i.e. o enredo) e expor e desenvolver a personalidade desses personagens. Acredito que essa seja a fórmula mais básica para resumir, em pouquíssimas palavras, o funcionamento da maioria dos romances, mesmo os mais atípicos em que nada acontece e em que a ação é inteiramente ou quase inteiramente psicológica, como foram, no século XIX, Às Avessas, de J. K. Huysmans, e Os loureiros estão cortados, de Edouard Dujardin. E o conto, em sua encarnação mais comum (óbvio que não em casos aberrantes como alguns dos contos de Breves entrevistas com homens hediondos, de David Foster Wallace, por exemplo), tende a seguir por esse mesmo caminho, porém de forma mais concentrada ou fragmentária. O poema em prosa, porém, parece ter outras preocupações: os textos de Bertrand, de fato, apresentam personagens, mas são esquemáticos, personagens-tipo, narradores anônimos e figuras sobre as quais sabemos muito pouco, mesmo quando de fato têm nome, que emergem e somem no espaço de uma ou duas páginas que a maioria desses poemas ocupa, antes que pudéssemos saber mais sobre elas. E as situações, no geral, são bastante ordinárias: não a culminação dramática dos eventos a que visa a unidade de ação de Poe, nem a epifania dos contos de Joyce, mas cenas, quadros, breves retratos, que, antes de tudo, servem de pretexto para imagens e impressões poéticas – aquilo que costuma-se chamar de lírico, que George Steiner, em A morte da tragédia, identifica como o principal modo de expressão do romantismo (e daí em diante), o modo da poesia que passa a predominar, enquanto os outros dois, o épico e o dramático, se transformam em outras coisas (o teatro passa a preferir a prosa, mas os poetas ainda compõem peças em verso para serem lidas e não encenadas, e a prosa também passa a ser preferida para as narrativas longas, ao passo que a epopeia se transforma em algo bastante diferente do romantismo em diante, como atestam poemas como Mensagem, de Pessoa, ou Os Cantos, de Pound).

E é óbvio que o lírico também pode fazer parte da prosa narrativa – e nos melhores casos ele faz mesmo, mas com parcimônia, surgindo em momentos chave (o meu exemplo favorito disso é o final emblemático de “Os Mortos”, de Joyce), enquanto nos exemplos menos felizes, a insistência nesse registro de linguagem em detrimento do avanço da narrativa ou da adequação de tom entre o registro e a cena sendo descrita resulta no que em inglês chamam de “purple prose”. O exemplo mais clássico desse tipo de prosa florida é o clichê “It was a dark and stormy night…” que abre o romance Paul Clifford (1830) de Edward Bulwer-Lytton. Não por acaso, existe o concurso Bulwer-Lytton da San Jose State University, que desde 1983 tem dado prêmios anuais para os autores das piores frases de abertura possíveis para um romance, que costumam seguir nessa verve cheia de floreios excessivos. Com isso, é possível notar já que o poema em prosa é, desde o princípio, um gênero arriscado, tendo como seu objetivo, no século XIX, um tipo de exuberância da linguagem que o século XX passaria a ver como mero acessório na prosa narrativa, o que o levou, obviamente, a ter de se modificar também – e podemos observar com Gertrude Stein um outro rumo que o gênero viria a tomar então, focado na autonomia radical da linguagem, o que também poderíamos enxergar como o principal elemento das imagens evocativas do poema em prosa do XIX, que se realizou, porém, de outra maneira. Acho que temos aí um bom ponto inicial para a discussão do assunto.

Seguem, então, 7 desses breves poemas em prosa de Bertrand, acompanhados pela suíte para piano Gaspard de la nuit: Trois poèmes pour piano d’après Aloysius Bertrand, de Ravel, que consiste de 3 peças inspiradas por 3 poemas, “Ondine”, “Le Gibet” e “Scarbo”. Os poemas que selecionei abaixo incluem os 3 poemas que inspiraram Ravel (em português, “Ondina”, do livro 3, e “Scarbô” e “Cadafalso”, do livro de peças soltas) e mais 4 outras peças interessantes dos outros livros (“O alquimista”, do livro 1, “O lampião”, do livro 2, “A um bibliófilo”, do livro 4, e “A cela”, do livro 5). Os originais em francês podem ser conferidos no site do Project Gutenberg, clicando aqui.

Adriano Scandolara

 

O alquimista

Nossa arte se aprende de duas maneiras, ou seja, com o ensinamento de um mestre, boca a boca, e de outra forma, pela inspiração e revelação divinas; ou então pelos livros, que são muito obscuros e confusos; e para nestes achar-se concordância e veracidade convém ser muito sutil, paciente, estudioso e vigilante.

A Chave dos Segredos da Filosofia,

de Pierre Vicot

Nada ainda! E em vão folheei durante três dias e três noites, à luz pálida da lâmpada, os livros herméticos de Raimundo Lúlio.

Não, nada, apenas, com o silvo da retorta brilhante, o riso debochado de uma salamandra, que se diverte a perturbar minhas meditações.

Logo lança uma fagulha a um pêlo de minha barba, logo solta com o estilingue uma fagulha em meu casaco.

Ou então lustra uma armadura e é agora a cinza do forno que sopra sobre as páginas de meu in-fólio e sobre a tinta do tinteiro.

E a retorta cada vez mais cintilante silva igualzinha ao diabo, quando Santo Elói lhe aperta o nariz com a tenaz na forja.

Mas nada, ainda! E durante três outros dias e três outras noites vou folhear, sob os lampejos pálidos da lâmpada, os livros herméticos de Raimundo Lúlio.

 

O lampião

O MASCARADO – Está escuro, empresta-me a lanterna.
MERCÚRIO – Bah! as lanternas dos gatos são os olhos.

Uma Noite de Carnaval

Oh! Por que estou, esta noite, condenado a me encolher contra a tormenta, eu, pequeno lampião de calha, no lampião maior da Senhora de Gourgouran!

E achava graça, ouvindo um espírito encharcado pelo aguaceiro rosnar em torno da casa luminosa, sem poder encontrar a porta pela qual eu entrara.

Em vão me suplicava, transido de frio, que lhe permitisse ao menos acender o pavio em minha chama para achar o caminho.

De repente, o papel amarelo da lanterna se inflamou, atingido por um golpe de vento que fez gemer as tabuletas penduradas como se fossem bandeiras.

– Jesus! Misericórdia! gritou a devota, benzendo-se com cinco dedos.

– O diabo te atanaze, feiticeira! gritei, cuspindo mais chamas que os fogos de artifício.

Que lástima, logo eu, que ainda esta manhã rivalizava em graça e enfeites com o pintassilgo de brincos escarlates do donzel de Luynes!

 

Ondina

…………………Eu pensava escutar
Uma vaga harmonia encantando meu sono,
E, junto a mim ouvia um murmurar igual
Ao canto singular de uma voz triste e terna

Ch. Brugnot: Os Dois Gênios

Escuta! Escuta! Sou eu, Ondina, que roço com gotas de água os losangos sonoros de tua janela iluminada pelos tristes raios da lua; e também, em vestes de tecido ondulado, a castelã, que contempla de sua varanda a bela noite estrelada e o belo lago adormecido.

– Cada onda é um ondino nadando na corrente, cada corrente é um caminho serpenteando rumo ao meu palácio, e meu palácio foi erguido fluido, no fundo do lago, no triângulo do fogo, da terra e do ar.

– Escuta! Escuta! Meu pai bate a água murmurante com uma vara de álamo verde, e minhas irmãs acariciam com seus braços de espuma as frescas ilhas de ervas, de nenúfares e de gladíolos, ou zombam do salgueiro caduco e barbudo que pesca com sua linha.

*

Sua canção murmurada, suplicou-me que recebesse em meu dedo seu anel, para tornar-me esposo de uma Ondina, e que visitasse com ela seu palácio, para tornar-me o rei dos lagos.

E como eu lhe respondesse que amava uma mortal, ela, amuada e com ciúmes, derramou algumas lágrimas, deu uma gargalhada e dissolveu-se entre jorros de água, que escorreram brancos ao longo de meus vitrais azuis.

 

A um bibliófilo

Crianças, agora só existem cavaleiros nos livros.

Contos de uma Avó a seus Netinhos

Por que iremos restaurar as histórias carunchosas e empoeiradas da Idade Média, agora que a cavalaria foi-se embora para sempre, acompanhada dos cantos de seus menestréis, dos encantamentos de suas fadas e da glória de seus valentes?

Que importam – a este século tão incrédulo de nossas lendas maravilhosas – São Jorge rompendo uma lança contra Carlos VII no torneio de Luçon, o Paracleto descendo à vista de todos sobre o Concílio de Trento reunido e o Judeu Errante abordando, perto da cidade de Langres, o Bispo Gotzelin, para narrar-lhe a Paixão de Nosso Senhor?

As três ciências do cavaleiro são hoje menosprezadas. Ninguém mais está curioso de saber que idade tem o gerifalte cuja cabeça se coroa, com quais peças o bastardo compõe seu escudo e a que horas da noite Marte entra em conjunção com Vênus.

Toda a tradição da guerra e do amor está esquecida, e minhas histórias não vão ter nem mesmo a sorte do lamento de Genoveva de Brabante, do qual o vendedor de imagens não sabe o começo e jamais soube o fim.

 

A cela

A Espanha, o país clássico das confusões, dos golpes de punhal, das serenatas e dos autos-de-fé.

Extraído de uma Revista Literária

……………E eu não ouvirei mais
Ferrolhos se fechando sobre o eterno recluso.

Alfred de Vigny: A Prisão

Monges tonsurados caminham lá embaixo, silenciosos e meditativos, rosário na mão, medindo lentamente, de coluna em coluna, de tumba em tumba, o pavimento do claustro que um eco fraco permeia.

*

– Ó tu, este é teu lazer, jovem recluso que, sozinho na cela, te divertes traçando figuras diabólicas sobre as páginas brancas de teu livro de orações, e pintando com impura cor ocre os ossos dessa cabeça de morto?

Não esqueceu o jovem recluso que a mãe é uma cigana, e o pai, chefe de ladrões; e lhe agradaria mais ouvir, ao nascer a manhã, a trompa soando o toque de montar a cavalaria do que o sino tangendo as matinas para correr à igreja!

Não esqueceu que dançara o bolero nos rochedos da serra de Granada com uma morena de brincos de prata e castanholas de marfim; e gostaria mais de fazer amor no campo dos ciganos que de rezar a Deus no convento.

Uma escada foi trançada em segredo com a palha do leito; dois barrotes foram serrados sem ruído com a lima, e do convento à serra de Granada a distância é mais curta que a do inferno ao paraíso.

Logo que a noite fechar todos os olhos e adormecer todas as suspeitas, o jovem recluso acenderá a lanterna e escapará da cela a passos furtivos, com um bacamarte sob a sotaina.

 

Cadafalso

O que vejo agitar-se em torno deste patíbulo?

Fausto

Ah! O que ouço será o vento noturno a soprar, ou o enforcado exalando um suspiro na forca patibular?

Será algum grilo cricrilando escondido na grama e na hera estéril, com a qual por piedade se aduba o bosque?

Ou será alguma mosca a caçar, soando sua trompa junto às orelhas surdas à fanfarra dos toques de caça?

Será algum escaravelho que colhe em vôo desigual um pêlo sangrento do crânio calvo?

Ou será talvez uma aranha bordando meia vara de musselina para uma gravata a ser atada no pescoço estrangulado?

É o sino que tange nos muros de uma cidade abaixo do horizonte, e a carcaça de um enforcado que o sol poente avermelha.

 

Scarbô

Procurou sob o leito, na lareira, na arca: ninguém. Não pôde compreender onde ele se havia introduzido, nem por onde se evadira.

Hoffmann: Contos Noturnos

Oh! Quantas vezes ouvi e vi Scarbô, quando à meia-noite a lua brilhava no céu como um escudo de prata, por sobre o manto azul semeado de abelhas de ouro!

Quantas vezes o ouvi zumbir seu riso na sombra de minha alcova, e arranhar com a unha a seda das cortinas de meu leito!

Quantas vezes o vi descer do teto, piruetar sobre a ponta do pé e rolar pelo quarto como o fuso tombado da roca de uma feiticeira!

Pensava-o desaparecido? o anão crescia entre mim e a lua como o campanário de uma catedral gótica, com um guizo de ouro suspenso no boné pontudo!

Mas logo seu corpo se azulava, diáfano como a cera de uma vela, o rosto empalidecia igual à cera de um toco – e de repente ele se extinguia.

 

(poemas de Aloysius Bertrand, traduções de José Jeronymo Rivera)

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