
FENTON JOHNSON
Fenton Johnson (1888-1958), nascido em Chicago, era, além de poeta, educador, contista e editor, e foi um dos pioneiros e grandes inspiradores do Harlem Renaissance, embora sua poesia, talvez pelo tom irônico presente em boa parte dela, não costume ser relacionada hoje entre as principais do movimento.
The banjo player
There is music in me, the music of a peasant people.
I wander through the levee, picking my banjo and singing my songs of the cabin and the field. At the Last Chance Saloon I am welcome as the violets in March; there is always food and drink for me there, and the dimes of those who love honest music. Behind the railroad tracks the little children clap their hands and love as they love Kris Kringle.
But I fear that I am a failure. Last night a woman called me a troubadour.
What is a troubadour?
O tocador de banjo
Há em mim música, a música da gente do campo.
Eu vagueio pelo molhe, levando meu banjo e cantando minhas canções da cabana e do campo. No Last Chance Saloon sou recebido como as violetas de março; sempre tem comida e bebida para mim lá, e as moedas dos que amam música honesta. Atrás dos trilhos do trem as criancinhas batem as mãos e amam do jeito que elas amam Papai Noel.
Mas tenho medo de ser um fracassado. Noite passada uma mulher me chamou de trovador.
O que é um trovador?
§
GEORGIA DOUGLAS JOHNSON
Georgia Blanche Douglas Camp Johnson (1880-1966), foi poeta e dramaturga. Ela Nasceu em Atlanta, na Geórgia, e fez parte do Harlem Renaissance mais ou menos à distância, pois como seu marido (que estava longe de incentivar sua poesia) fosse um funcionário federal em Washington, era nessa cidade que ela residia. Georgia passou a se dedicar mais à escrita apenas após a morte dele, em 1925. Mesmo assim, com dois filhos para criar, ela pouco viajava, o que não impediu que sua casa se tornasse uma espécie de filial do movimento em Washington, ponto de encontro dos artistas quando viajavam à capital federal.
Black Woman
Don’t knock at my door, little child,
I cannot let you in,
You know not what a world this is
Of cruelty and sin.
Wait in the still eternity
Until I come to you,
The world is cruel, cruel, child,
I cannot let you in!
Don’t knock at my heart, little one,
I cannot bear the pain
Of turning deaf-ear to your call
Time and time again!
You do not know the monster men
Inhabiting the earth,
Be still, be still, my precious child,
I must not give you birth!
Mulher negra
Não bata na minha porta, criança,
Eu não posso deixá-la entrar,
Você não sabe nada do que é o mundo
Da crueldade e do pecado.
Aguarde na imóvel eternidade
Até que eu vá até você,
O mundo é cruel, cruel, criança,
Eu não posso deixá-la entrar!
Não bata no meu coração, pequena,
Eu não posso suportar a dor
De me fazer de surda aos seus chamados
Uma vez, e outra e outra!
Você não conhece os homens monstruosos
Que habitam a Terra,
Fique quieta, fique quieta, minha criança preciosa,
Eu não devo lhe dar à luz!
§
HELENE JOHNSON
Helene Johnson (1906-1995), nascida em Boston, estudou na Universidade Columbia e foi uma das poetas de maior destaque do movimento, nas décadas de 20 e 30, ganhando prêmios e resenhas elogiosas, inclusive de revistas do mainstream, como a Vanity Fair. Depois que se casou, porém, em 1937, ela parou de publicar, passando a escrever (um poema por dia, até a morte) apenas para si mesma.
My Race
Ah my race,
Hungry race,
Throbbing and young—
Ah, my race,
Wonder race,
Sobbing with song—
Ah, my race,
Laughing race,
Careless in mirth—
Ah, my veiled
Unformed race,
Fumbling in birth.
Minha Raça
Ah, minha raça,
Faminta raça,
Maltratada e jovem –
Ah, minha raça,
Admirável raça
Soluçante com música –
Ah, minha raça.
Gargalhante raça,
Em jovialidade descuidada –
Ah, minha dissimulada
Amorfa raça,
Desajeitada por nascença.