Richard Plácido é escritor. Em 2016, publicou o livro entre ratos & outras máquinas orgânicas, pela Imprensa Oficial Graciliano Ramos. Contato: richardplacido.com | placidorichard@gmail.com.
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fotografia
derreto o cimento que se quer árvore
a madeira
tom de pássaro
se dissipa em flagelos
perenes
o cimento mata a sede
e apenas um olho
me encara
o tolo meneia a rubrica
como a bota
que perdeu o passo
§
dia do boi
poesia
palavra mestra
que desconcerta
não quero viver de flores
minhas flores são choques de
bois cometas
de tangos argelinos
a palavra mestra
a chave que abre
as sentenças polidas
o polimento em versos
sinto-me afogado
em rotas apagadas
de mapas perdidos
no centro da mente
de uma baleia
tento encontrar
na sanidade
das catengas
a parede
o altar
mas o que encontro
são só catengas
parede
e altar
e as amarguras de alguém
que já não sei se vai para sempre
que continuará vivo e que
nunca me deixará em paz
consigo o próprio
horizonte de queixas urbanas
num 0800 ocupado
um atendente virtual
um dia me falou
o que eu queria ouvir
desde então
o 0800
é meu domingo
é o boi cometa no universo
de trincheiras caóticas
que te passo que te passo
a bula do remédio por vir
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Obrigado, Anísio.
&
Mais uma vez, obrigado escamandro, pelo espaço.