Luís Perdiz é poeta, compositor e editor do portal de literatura Poesia Primata, voltado para a degustação e difusão da poesia contemporânea brasileir . Faz parte do projeto musical autoral Estranhos no Ninho, do coletivo Ocupecompoesia e colabora regularmente em revistas de literatura e antologias. Com poemas de Saudade mestiça (Patuá, 2016), seu livro de estreia, obteve menção honrosa no Programa Nascente USP. Atualmente vive em São Paulo.
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CÓRREGOS
bota imersa na
flora do destino
brilho transatlântico
fincado em alma
auroras e cachos
moto infinita na neblina
dilúvio de nuances
improvisando verões
o jazz campestre na barraca da noite
desfigurava também o interior de nossos pulsos
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FUTURO EM FÚRIA
todos os eletrônicos sagrados ruíram com cócegas
têmporas lapidadas se derreteram em química miragem
viveram pólvoras por detalhes
retalho pelo retalho em amarga voz
semblante animal lívido próximo à porta
sonegávamos entreabertos as sirenes do teatro lógico
o dia mastigado no bolso anterior
cada entulho vespertino em sua espécie ávida
vapores e capacetes abandonados no esgoto
éramos dois esqueletos momentâneos do destino
numa carne viva e suntuosa
esperando esperança
§
PLAYGROUND
o que mais me relevava naquele
playground vazio
era o silêncio
igual ao meu
infância fantasia atravessada
merthiolates colos contrastes
amigos imaginários
todos eles filhos únicos
ensimesmado
pressentia sons de macondo
outras partes longas
indefinidas
longe do baile de minotauros
§
ESTADIA
sempre na sua casa
os vitrais se entrelaçam
as teias desnudam o tempo
as peles se dissolvem
meu alicerce mais valente
assiste o horário
“éramos dois esqueletos momentâneos do destino
numa carne viva e suntuosa esperando esperança”
potência e vigor !!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
Poemas fortes, muito bom!