Luiz Coelho (1984) nasceu e vive no Rio de Janeiro. Doutor em Literatura, Cultura e Contemporaneidade pela PUC-Rio. Publicou poemas na Revista Modo de Usar & Co. e no Jornal Plástico Bolha. Autor dos volumes de poemas agulhas descartáveis (2012) e Hágalo Despacio (2013) — o último, também com poemas de Aline Miranda e Maíra Fernandes de Melo.
sergio maciel
* * *
falanges
a.
fiados em
redemunhos
trabalham
sozinhos
b.
a sóis
cinzéis
zonzam
cabeças
de cochilo
b.
tralhar
o vento
festa
moenda
moinhos
c.
os céus
balançam
gaiolas
d.
necran
cabulosa
encaminho
§
trópicos
a.
nas saliências parte metal
dos tinteiros se anuncia
qual coração uma unha
nem sempre tácita
imediata comunicados
afincos de boa intenção
a fiança se um dia houve
tergiversa o mote
eufemismas a rodo
o ódio terceiriza
o afeto borrifa
a contraprova do lucro
um resto e uma fartura
pilha corpos por milhas
b.
fruto grifado
a ferro fátuo
tição a fogo
na dentição
novo contrato
mesmo mercado
cadinho de afiar
rosto aterrado
barro pelo torso
c.
nada na boca
sem profecia
mudo nos búzios
uns vãos caracóis
a borra ainda
passa o café
costura engole
sapo não dorme
§
se o tigre não fala
um tigre não se fala?
a língua
mordida
triste tigre
ao peito
a palma amarela
da mão
arcada
à forja
há flagra
a terceira via
a tigela vazia
a bolsa
a firma
afaga
gentileza
a galope
amostra grátis
a lá no portão
a lápis
assina
à linha de baixo
crânio