
Carlos Orfeu, nasceu em Queimados, Rio de Janeiro. Publicou Invisíveis cotidianos em 2017 pela editora paraense Literacidade; Nervura em 2019, pela editora Patuá. Participou da antologia organizada pelo poeta Floriano Martins: Sob a Pele Da língua, onde reúne jovens poetas com referências surrealistas. Têm poemas publicados em revistas e sites literários.
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salamandra
o sol
salamandra
selvagem
fareja o pão
gênese de gestos
cortejo de luz
veloz manhã
faca partindo
sombras
§
cortinas
cortinas dançam
como medusas
luzentes
os cílios
giram entre
luz
e sombra
dançam
como
cabelos
presos
no limite
da janela
§
óxido
oxidada água
ser-
penteia
pelo diafragma
dos canos
viagem labiríntica
calcária
voz da caixa
d’água
viagem pela res-
piração da casa
até deitar-se
em outra língua
dente: sabor cloro
barro abrindo-se
na insônia da garganta
§
círculo
atrás das roupas
inquietas no varal
a asa
na mudez do pouso
círculo da
luz
suspensa
na água
trêmula do balde