
Rita Barros [Mogi das Cruzes, 1984] tem poemas na plaquete Primeiras vozes [Vozes e Versos/Quelônio, 2018], na antologia Simultâneos pulsando [Corsário Satã, 2018], na coletânea do Prêmio SESC DF de Poesia [2014], e nas revistas Mallarmagens, Zunái, Meteöro, Córrego e Euonça, entre outras. Publicou o primeiro livro na Coleção Kraft da Cozinha Experimental em 2015, e a plaquete independente “travelín”, com poemas em espanhol, em 2017 [Sevilha, Espanha]. Participa do Curso Livre de Preparação do Escritor [CLIPE], da Casa das Rosas, e tem feito experimentações com poesia visual, sonora, vídeo e performance, algumas delas na Espanha com o nome Senhorita Barros.
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BRAILE
fiquei curiosa e dei
a partida numa sequência
magnética de descaramentos
coreografia ensaiada com os olhos
vendados só pra testar me dar
ao luxo de testar motores
queimando os dedos
tática tátil eu sei
que você sabe — mais de 90% da baunilha do mundo
…………..vem de Madagascar
tática tátil eu sei
que você sabe — todo navio carrega em si
…………..um mal insidioso
tática tátil — o mistério
é uma droga pesada eu sei agora sim eu sei
…………..que você sabe
§
SANCHO MEU AMOR
sancho meu amor me acompanhou
à clínica de interrupção
ele disse
eu pago
ok
fiz uma cena antes
outra cem anos depois
o que restou do entreato
foi levado pelas formigas
adoramos nossos sobrinhos