Boca de rio : Olho-d’água

pálpebra abrindo um poucohumano nasce um rioum olho-d’água olheirocabeça nascedouroou manadeiro fonteque cresce proliferagera – mãe-d’água etc. e pálpebra fechandoou estalada estanqueassim é que ele morrealgo exalando aforaum delta boqueirãobarra estuário fozboca de rio etc.se não minguar na secase não morrer à mínguasob a devastação mas nesse fim jamais termina a velha minase arranja terra adentrovira tudo que viranome de nimbo névoalago laguna mare nesse … Continuar lendo Boca de rio : Olho-d’água

Geoffrey Hill (1932-2016), por Érico Nogueira

O Dificultoso Geoffrey Hill Somos difíceis. Os seres humanos somos difíceis. Difíceis para nós mesmos, difíceis uns para os outros. – E um mistério para nós mesmos, um mistério uns para os outros. Topa-se com muitíssimo mais dificuldade real num dia comum do que na mais “intelectual” das obras de arte. Por que julgam que a poesia, a prosa, a pintura, a música devam ser … Continuar lendo Geoffrey Hill (1932-2016), por Érico Nogueira

Simônides de Ceos, por Guilherme Gontijo Flores

Embora seja quase certo que Simônides tenha nascido na ilha de Ceos, praticamente não temos nos fragmentos nada que indique uma produção poética voltada para a própria pátria. Não à toa, Luísa Nazaré Ferreira, no seu trabalho de 2013, vai estudar exatamente a mobilidade poética antiga a partir de Simônides. Temos indicações de poesias feitas para diversos pontos da Grécia, de Andros e Eubeia até … Continuar lendo Simônides de Ceos, por Guilherme Gontijo Flores

Chiyo-ni (1703-1775)

Também conhecida como Chiyo-jo, Kaga-no-Chiyo, Soent etc., nascida em Matsutō, na província de Kaga (ao sul da atual prefeitura de Ishigawa), em 1703, Fukuda Chiyo-ni foi uma grande poeta do haiku japonês, um dos poucos nomes femininos da era pré-moderna desse gênero poético tão difundido pelo mundo. Diz a lenda que ela começou a escrever com sete anos de idade, que se entregou ao estudo … Continuar lendo Chiyo-ni (1703-1775)

Jorge Canese, por Adalberto Müller

Jorge Canese (1947-) é um dos mais importantes poetas paraguaios da geração que nasceu em meio à ditatura de Higinio Morígino (1940-1948)  e que teve que enfrentar uma das mais longas e cruéis ditaduras militares do século XX: a de Alfredo Stroessner (1954-1989). O nome desse sanguinário carrasco deve ser lembrado aqui por duas razões: primeiro, porque Canese foi aprisionado e torturado no final dos … Continuar lendo Jorge Canese, por Adalberto Müller

“Variações bélicas”— seis poemas de Amelia Rosselli, por Valentina Cantori

Amelia Rosselli (1930-1996) foi poeta, prosadora e tradutora de origem ítalo-inglesa, e uma das maiores vozes da poesia italiana do século XX. Nasceu em Paris, em condição de exílio: seu pai, Carlo Rosselli,  junto da mãe Marion Cave, havia se refugiado na França para escapar da perseguição fascista; ele e seu irmão Nello eram figuras importantes para o antifascismo, e foram assassinados, em 1937, pelas … Continuar lendo “Variações bélicas”— seis poemas de Amelia Rosselli, por Valentina Cantori

Tishani Doshi, por Shelly Bhoil

Tishani Doshi é uma notável dançarina indiana e autora premiada de seis livros de poesia e ficção. Ganhou o Eric Gregory Award for Poetry, All-India Poetry Competition, Forward Prize for Best First Collection por seu primeiro livro, Countries of the body em 2006. Seu livro de poesia, Girls are coming out of woods, foi indicado para os prêmios Ted Hughes e Firecracker. O primeiro romance da Tishani, The pleasure seekers, foi … Continuar lendo Tishani Doshi, por Shelly Bhoil

“A mazela do mundo”: Ilessi compositora

Ilessi é, sem sombra de dúvidas, a cantora mais poderosa da geração, junto com Juçara Marçal. Dito o ponto central, vamos às novidades; no caso, o disco novo que acabou de lançar pela Rocinante agora em outubro: Dama de espadas. Em sua trajetória de mais de vinte anos de carreira ela contava com apenas três álbuns gravados, Brigador – Ilessi canta Pedro Amorim e Paulo César … Continuar lendo “A mazela do mundo”: Ilessi compositora

Arsêni Tarkóvski, por Irineu Franco Perpétuo e Guilherme Gontijo Flores

Nove anos atrás, Bernardo Lins Brandão fez um post sobre a poesia de Arsêni Tarkóvski (Arseny Tarkovsky em grafia anglófona, 1907-1989); foi um post modesto em resposta ao nosso encantamento pela poesia desse russo que segue sendo mais conhecido como pai do cineasta Andrei Tarkóvski do que como poeta de força fora do comum. Andrei, de modo muito explícito, usou trechos de poemas do pai … Continuar lendo Arsêni Tarkóvski, por Irineu Franco Perpétuo e Guilherme Gontijo Flores

XANTO|A mitopoética de Gerardo Mello Mourão, por Alexandre Sugamosto

O escritor cearense Gerardo Mello Mourão (Ipueiras, 8 de janeiro de 1917, Rio de Janeiro, 9 de março de 2007) é uma figura bastante enigmática na história da literatura brasileira. Poeta laureado, vencedor do Prêmio Jabuti com seu épico Invenção do Mar, indicado ao Nobel de Literatura em 1979 e elogiado por figuras como Ezra Pound e Carlos Drummond de Andrade, Mello Mourão ainda é … Continuar lendo XANTO|A mitopoética de Gerardo Mello Mourão, por Alexandre Sugamosto