“A descida de Inana ao mundo dos mortos”

“A descida de Inana ao mundo dos mortos” é o principal texto por trás de um dos mitos mais célebres do Oriente Médio: a narrativa de Tâmuz e Ištar. Como se sabe, Tâmuz era um deus da vegetação, consorte da deusa do amor, do sexo, da fertilidade e da guerra, e a cada ano, ao chegar o solstício de verão, quando ele morre e renasce, … Continuar lendo “A descida de Inana ao mundo dos mortos”

Sîn-lēqi-unnini, Ele o abismo viu, série de Gilgámesh, tabuinha 6 – Tradução de Jacyntho Lins Brandão

  A sexta tabuinha da versão clássica do poema de Gilgámesh (cerca de 1200 a. C.) traz um episódio completo: após vencer e eliminar Húmbaba, o guardião da floresta de cedros, Gilgámesh reveste-se com sua glória e desperta o desejo da deusa Ishtar, que o assedia; a resposta do herói é incisiva, desrespeitosa e irônica ao ponto de ser cômica; ofendida, a deusa solicita que … Continuar lendo Sîn-lēqi-unnini, Ele o abismo viu, série de Gilgámesh, tabuinha 6 – Tradução de Jacyntho Lins Brandão

A prece de Nínsun (Sîn-lēqi-unninni, Ele o abismo viu, serie de Gilgámesh, tabuinha 3, v. 13-135) – tradução do acádio por Jacyntho Lins Brandão

É usual na tradição médio-oriental que as obras sejam conhecidas a partir de suas primeiras palavras, como, neste caso: ša naqba imuru (literalmente, ‘aquele que o abismo viu’). Esse é o título original do que, desde o século XIX, se costuma chamar poema ou epopeia de Gilgámesh. A atribuição do texto a Sîn-lēqi-unninni encontra-se em catálogo redigido no primeiro terço do primeiro milênio a. C. e achado … Continuar lendo A prece de Nínsun (Sîn-lēqi-unninni, Ele o abismo viu, serie de Gilgámesh, tabuinha 3, v. 13-135) – tradução do acádio por Jacyntho Lins Brandão

A canção de amor de Šu-Sin, um poema sumério

Aproveitando o embalo do tema da escrita cuneiforme e línguas e poesia do Oriente Próximo e Médio da minha postagem do começo do mês sobre um poema do ugarítico, gostaria agora de tratar daquele que, desde seu descobrimento no século passado, tem sido frequentemente chamado de “o poema de amor mais antigo de mundo”. Aliás, recomendo seriamente que, para a leitura desta postagem, vocês ouçam … Continuar lendo A canção de amor de Šu-Sin, um poema sumério

O festim divino de El – um poema do ugarítico

Ugarit foi uma cidade portuária do Oriente Próximo localizada nos arredores de onde hoje se situa Ras Shamra, no norte da Síria, perto do monte Hérmon e da ilha de Chipre. Ela foi destruída por volta do final da Era do Bronze e, num dos grandes achados arqueológicos do século XX (ainda mais impressionante pelo fato de ter ocorrido por completo acidente), só veio a … Continuar lendo O festim divino de El – um poema do ugarítico

A poética da comédia nova romana, por Rodrigo Tadeu Gonçalves e Leandro Cardoso

Introdução A comédia latina, chamada pelos romanos de comedia palliata (a partir do termo “pálio”, um tipo de indumentária grega), foi um gênero muito importante e popular no período republicano romano desde sua introdução nos festivais públicos chamados ludi scaenici (literalmente “jogos de encenação”) em 240 a.C. até a morte de Terêncio em 159. Todos os textos produzidos para os festivais tinham como modelo uma … Continuar lendo A poética da comédia nova romana, por Rodrigo Tadeu Gonçalves e Leandro Cardoso

nota crítica: a “eneida” de virgílio, por carlos alberto nunes

em setembro de 19 a.C., junto à cidade de bríndisi, o moribundo públio virgílio marão pedia que queimassem os manuscritos “incompletos” da eneida, o poema épico fundamental da literatura romana ((nãoa  resumirei, mas podem conferir aqui)) & que viria a ser tornar, segundo t.s. eliot, o centro da cultura europeia: “Virgílio tem a centralidade do clássico único; está no centro da civilização europeia, numa posição que nenhum outro … Continuar lendo nota crítica: a “eneida” de virgílio, por carlos alberto nunes

a música de safo e anacreonte, por leonardo antunes.

  a musicalidade (ou melopeia) da poesia grega arcaica é um fato indiscutível. o que ainda pouco se discute — no brasil — são as nossas possibilidades de recriação dessa melopeia com melodia, ou seja, sua reconstrução como música, tal como os exemplares de poesia trovadoresca (provençal & galego-portuguesa) que nos chegaram com notação musical. os poemas de safo & anacreonte não tiveram essa felicidade. … Continuar lendo a música de safo e anacreonte, por leonardo antunes.

3 elegias de sexto propércio

então logo abaixo vai um mínimo trecho da apresentação, 3 poemas (dos mais de 90) & algumas notas adaptadas ao blog. os 3 poemas formam um ciclo importante do primeiro livro de elegias & neles propércio discute a importância da poesia amorosa, num tom irônico, como é seu praxe. guilherme gontijo flores ps: a edição deve sair no primeiro semestre do ano que vem. * * … Continuar lendo 3 elegias de sexto propércio

álbio tibulo (60-19 a.C.), por joão paulo matedi alves

fala-se pouco, muito pouco, da musa pederástica romana, sobre a poesia de amor entre homens. em geral, o tema se limita à grécia, em geral uma grécia idealizada onde não haveria restrições sexuais severas – um triste engano. no entanto, aqui, independente das minúcias do contexto social que permitia e codificava esse tipo de poesia, mais importante é ver a poesia que se fez com … Continuar lendo álbio tibulo (60-19 a.C.), por joão paulo matedi alves