A pornochanchada medieval do Alfabeto de Ben Sirá

Eu gostaria de aproveitar a série de postagens do Gontijo sobre o que ele tem chamado de uma poética da prosa para apresentar para vocês uma pequena seleção de um livrinho muito, muito bizarro produzido pela cultura judaica medieval. Se recorro a um termo claramente anacrônico como pornochanchada – e não meramente “burlesco” – para descrevê-lo é só porque de fato somente o espírito da … Continuar lendo A pornochanchada medieval do Alfabeto de Ben Sirá

O Cântico de Débora (Juízes 5)

O Cântico de Débora, ou Shirat Devorah (שירת דברה), em hebraico, também chamado de O Cântico de Débora e Barak, um poema bíblico que ocupa todo o capítulo 5 do livro de Juízes, faz parte da dupla do que há de mais antigo dentre todos os textos da Bíblia Hebraica, ao lado do Cântico do Mar, em Êxodo 15, como comentam os estudiosos da área … Continuar lendo O Cântico de Débora (Juízes 5)

Irit Amiel (1931), por Luciano R. Mendes

Irit Amiel nasceu em Częstochowa, na Polônia, em 1931, sua origem judaica (a família de seu pai, Leon Librowicz, provavelmente consistia de judeus fugidos de Portugal e estabelecidos em terras alemãs cerca de 400 anos antes, de onde foram para a Polônia). Durante a Segunda Guerra Mundial ficou algum tempo no Gueto de Częstochowa, de onde escapou. Com documentos falsos e a ajuda de poloneses … Continuar lendo Irit Amiel (1931), por Luciano R. Mendes

O soneto das vogais e o livro Bahir

Faz alguns meses que eu fiz uma postagem sobre a teoria das correspondências de Swedenborg, ilustrado pelo soneto das correspondências de Baudelaire, numa tentativa de explicitar, via citação das fontes primárias mesmo, o elo entre o poeta, que permanece em posição absolutamente central em discussões sobre poesia moderna e modernidade, e uma doutrina mística que foi muito popular à época, mas hoje é pouco estudada … Continuar lendo O soneto das vogais e o livro Bahir

Um tombeau a Walter Benjamin

“O futuro parece certo certo que prosseguirá sem nós. O futuro parece certo que prosseguirá prosseguirá O futuro parece que prosseguirá o futuro certo parece certo prosseguirá sem nós.” – últimas palavras do personagem de Walter Benjamin na ópera Shadowtime, de Brian Ferneyhough, com libreto de Charles Bernstein (tradução minha). Agora, ao pôr-do-sol de 26 de setembro, terminam as festividades do Rosh Hashanah, o ano novo … Continuar lendo Um tombeau a Walter Benjamin

Profetas, místicos e o que isso tem a ver com poesia

A metáfora do poeta como profeta, tanto dentro do próprio fazer poético quanto na crítica, tem uma longa história. Entre os latinos, a comparação com a figura do vate era algo dúbia, oscilando entre uma conotação pejorativa (para os romanos preocupados com uma noção de civilização, o vate era associado a uma certa “selvageria” primordial, associada a deuses obscuros como Cibele, cujo culto envolvia até … Continuar lendo Profetas, místicos e o que isso tem a ver com poesia

Um poema de Carlito Azevedo, no Iom HaShoá

Áustria, estrela dourada no peito, acordar os mortos e juntar fragmentos, negro leite da aurora, todos os que conseguiram fugir como puderam. E os que não. Monumento. Adriano Scandolara   MARGENS 1 Nem procurar, nem achar: só perder. Como o tremulante cachecol florido de Andi a flutuar no céu por alguns segundos antes de desaparecer completamente na noite escura da Marina da Glória, onde, por … Continuar lendo Um poema de Carlito Azevedo, no Iom HaShoá

Leila Danziger

Que a memória é um dos temas essenciais para os judeus ninguém há de contestar – desde o copo que se quebra na ocasião do casamento para lembrar a queda do Segundo Templo de Jerusalém (temperando, segundo a Talmude, o sentimento de celebração da ocasião com uma lembrança dolorosa) até o esforço ativo, ainda mais doloroso pela proximidade cronológica, de não deixar a Shoah cair … Continuar lendo Leila Danziger

Uma canção de Shadowtime de Charles Bernstein

Charles Bernstein (1950 – ) é um dos poetas mais proeminentes da poesia Language (ou L=A=N=G=U=A=G=E, como era o nome da revista), autor de dezenas de volumes de poesia e ensaios, além de editor de coletâneas, de volumes de poetas importantes como Louis Zukofsky e de volumes da L=A=N=G=U=A=G=E. Em português, temos (de que tenho notícia) um único livro de poemas e ensaios, traduzido pelo … Continuar lendo Uma canção de Shadowtime de Charles Bernstein

Qohélet, O-que-Sabe

(Para um breve comentário sobre Haroldo de Campos e suas incursões e abordagem sobre a tradução bíblica feita diretamente do hebraico com enfoque poético, vide meu post anterior no escamandro sobre sua tradução do Cântico dos Cânticos, clicando aqui) Qohélet ou Cohélet (קוהלת), mais conhecido como Eclesiastes, um dos livros mais famosos da Tanakh, a Bíblia Hebraica ou Antigo Testamento, é o nome da figura … Continuar lendo Qohélet, O-que-Sabe