A adormecida – Poe

Poe (1809 – 1849), como deixou claro um post anterior aqui no escamandro, escrito pelo Vinicius Ferreira Barth sobre o poema “O Corvo”, é um autor que dispensa apresentações. Todos sabem quem ele é, etc. Mas há algo de curioso no modo como recebemos a obra de Poe. Em vida, ao que tudo indica, ele era mais conhecido como crítico do que como autor, e, … Continuar lendo A adormecida – Poe

A Biographia Literaria de Coleridge

Mesmo que nunca tenha lido Coleridge, nem estudado teoria literária, você já deve estar familiarizado com o termo “suspensão de descrença” – i.e. o esforço extra para não se pensar “que besteira, isso nunca aconteceria!” que o leitor faz ao ler um texto ficcional que, a rigor, lide em algum grau com o fantástico (apesar de existirem várias narrativas não-fantásticas que forçam a barra no quesito … Continuar lendo A Biographia Literaria de Coleridge

John Keats (1795 – 1821), em duas traduções

Com um bom grau, é claro, de simplificação, acredito que podemos traçar pelo menos dois perfis de arquétipos clássicos de poetas românticos. Em um polo temos aquele tipo de poeta aventureiro, hedonista, viajado (em mais de um sentido da palavra, inclusive), libertino, amante da liberdade e dotado de uma rebeldia por vezes beirando o pueril, que seria um dos modos pelos quais poderíamos descrever, por … Continuar lendo John Keats (1795 – 1821), em duas traduções

Shelley – duas cenas do ato 3 de Prometheus Unbound

E eis que, por alguma curiosa coincidência, ocorreu que eu acabei, finalmente, defendendo a minha dissertação (que trata de Shelley) nessa última sexta-feira, dia 2, enquanto o aniversário de 221 anos do poeta, nascido em 1792, se deu ontem, dia 4 de agosto. Dada a ocasião, então, parece-me apropriado fazer um post (duplamente) comemorativo. Eu já tratei da poesia de Shelley aqui no escamandro em … Continuar lendo Shelley – duas cenas do ato 3 de Prometheus Unbound

Kubla Khan – Samuel Taylor Coleridge

Um dos poemas mais famosos de um poeta pouco lido. A Samuel Taylor Coleridge (1773 – 1834), poderíamos dizer, falta, talvez, algo do charme imediato dos outros românticos ingleses – o júbilo natural proto-hippie de Wordsworth, o esteticismo elaborado de Keats, o ardor poético/político de Shelley, o visionarismo quase louco de Blake, o humor ácido de Byron… – o que talvez justifique o interesse reduzido … Continuar lendo Kubla Khan – Samuel Taylor Coleridge

O Amante de Porfíria – Robert Browning

O período romântico inglês é uma coisa cronologicamente complicada. A primeira geração começa com William Wordsworth, Samuel Taylor Coleridge (que juntos publicam as famosas Lyrical Ballads em 1798) e, à parte deles, William Blake. No entanto, os dons de Wordsworth e Coleridge são muito menos longevos do que eles próprios, que nascem em 1770 e 1772, respectivamente, e morrem só em 1850 e 1834. O … Continuar lendo O Amante de Porfíria – Robert Browning

Uma certa taça de crânio de Byron em várias bocas

Quem, por acaso, já folheou as páginas de Espumas Flutuantes, do nosso famoso poeta Castro Alves (1847-1871), romântico de 3ª geração, conhecido pelo poema anti-escravista Navio Negreiro, com certeza deve ter percebido que o poeta mescla alguns poemas traduzidos junto com sua produção própria ao longo do volume. Um desses poemas, de grande destaque, é a seguinte tradução de um poema do, também romântico famoso, … Continuar lendo Uma certa taça de crânio de Byron em várias bocas

Elizabeth Bishop – Em apreciação dos poemas de Shelley

2012 é um bom ano para a poeta Elizabeth Bishop. Além de termos um filme, intitulado The Art of Losing ou Flores Raras, em português, saindo este ano, sobre a relação amorosa dela com a arquiteta Lota de Macedo Soares, a Companhia das Letras recentemente publicou um volume de poesia da autora chamado “Poemas do Brasil” (tradução de Paulo Henriques Britto). Curiosamente, tive notícia desses … Continuar lendo Elizabeth Bishop – Em apreciação dos poemas de Shelley

Tigres e cordeiros de Blake – parte II

Semana passada eu fiz a primeira parte desta postagem sobre o poeta William Blake, com uma brevíssima introdução e algumas traduções do célebre poema do cordeiro. Agora é a vez do tigre. Primeiramente, acredito que seja importante apontar como os dois poemas dialogam entre si. Como dito já, “O cordeiro” é um poema das Canções de inocência, e “O tigre” é a sua contraparte das … Continuar lendo Tigres e cordeiros de Blake – parte II

cyprian norwid

toda história, e com ela a história da literatura, é uma simplificação das forças complexas que atravessam qualquer empreitada humana. algumas simplificações são mais grosseiras que outras, óbvio; por isso essa frase bombástica – tão pouco do meu feitio – para abrir o post. porque algumas são mais grosseiras, & uma das que mais me incomoda, é a reconstrução da modernidade literária, que costuma, mais … Continuar lendo cyprian norwid