A pornochanchada medieval do Alfabeto de Ben Sirá

Eu gostaria de aproveitar a série de postagens do Gontijo sobre o que ele tem chamado de uma poética da prosa para apresentar para vocês uma pequena seleção de um livrinho muito, muito bizarro produzido pela cultura judaica medieval. Se recorro a um termo claramente anacrônico como pornochanchada – e não meramente “burlesco” – para descrevê-lo é só porque de fato somente o espírito da … Continuar lendo A pornochanchada medieval do Alfabeto de Ben Sirá

Trilussa, por Daniel Dago

Trilussa, pseudônimo de Carlo Alberto Camillo Mariano Salustri (1871-1950) – Trilussa é anagrama de Salustri –, foi um dos maiores poetas satíricos da Itália. Apesar da enorme fama em seu país natal, não alcançou sucesso no exterior, em grande por ter escrito especialmente em dialeto romano. Suas inúmeras “favole” (fábulas) são conhecidíssimas até hoje. Escrito em italiano, “L’uccelletto” (literalmente, “o passarinho”, mas escolhemos “o pintinho” … Continuar lendo Trilussa, por Daniel Dago

Quatro poemas de Abu Nuwas (756 – 814)

  Motivado pelas discussões desta semana sobre questões delicadas, como religião, sobretudo o Islã, radicalismo, humor e liberdade de expressão, uma discussão já recorrente, aliás (pelo menos desde a fatwa lançada contra Salman Rushdie por conta de Os Versos Satânicos algumas décadas atrás), e, para variar, vendo o adjetivo “medieval” sendo usado por aí como um termo pejorativo, eu acabei inevitavelmente sendo relembrado de certos … Continuar lendo Quatro poemas de Abu Nuwas (756 – 814)

Marcial, por Décio Pignatari

Tenho a impressão de que todos os alunos de latim (ou pelo menos os com algum senso de humor) vibram na primeira vez que leem em aula o infame verso, ou o poema todo, aliás, do pedicabo ego vos et irrumabo de Catulo (carmen XVI) – pois esse frisson é elevado à enésima potência quando se descobre Marco Valério Marcial (40 – 102/104). Posterior a Catulo, … Continuar lendo Marcial, por Décio Pignatari

décio pignatari, in memoriam (1927-2012)

E a geração dos grandes poetas brasileiros que floresceram na década de 1950 perde mais um de seus nomes, neste domingo, dia 2 de dezembro de 2012. Nascido em 20/7/1927 em Jundiaí, morreu ontem em São Paulo, 2/12/12, o poeta Décio Pignatari. Um semiótico inveterado, fundou – ao lado de Roman Jakobson, Umberto Eco, Emile Benveniste, Iuri Lotman e outros – a Associação Internacional de … Continuar lendo décio pignatari, in memoriam (1927-2012)

Sobre o Heine de André Vallias

Faz quase um ano já que André Vallias fez o lançamento oficial de seu livro Heine, hein? – poeta dos contrários, uma antologia de 120 poemas (mais colagens de trechos de cartas e prosa, com uma introduçãozinha e notas bem razoáveis) do poeta judeu de língua alemã Heinrich Heine (1797 – 1856), também conhecido como Harry ou Henri Heine. O lançamento de Curitiba foi mais … Continuar lendo Sobre o Heine de André Vallias

Glosas sobre motes de pichações: Elaine Puta – adriano scandolara

Creio que seja necessário alguma explicação antes da leitura do meu poema de hoje: não, caras leitoras, não se trata de misoginia descarada e, não, eu não fui traído por nenhuma Elaine. Recentemente tenho escrito alguns poemas tomando como base pichações muito interessantes nas ruas de Curitiba. Cinco deles foram publicados na edição 3 da Revista Babel, disponível online gratuitamente neste link – meus poemas … Continuar lendo Glosas sobre motes de pichações: Elaine Puta – adriano scandolara

Do horror – adriano scandolara

– a H. P. Lovecraft Só, mas ao lado de uma mulher de raça odiada, alguém não conseguia dormir atormentado em New England, seu universo repleto de monstros. A solidão do deserto à noite e a superfície dos discos voadores sempre tão estranhamente espelhada. Línguas humanas podem apenas esboçar o nome de Cthulhu seus movimentos evocam maiores horrores com maior facilidade:          … Continuar lendo Do horror – adriano scandolara