IV.
casto aroma
de roupagem
narinas desenhadas
para as curvas da nudez
um mindinho contra a coxa,
todos os encaixes possíveis
para um par nuca-pescoço,
anzol no meio da ração.
*
uma perspectiva cavalo
próstata em manutenção
anos de antagonia à realidade,
20 a precisão
nunca me pareceu muita coisa
o carteado dos músculos
– Agora sou pidão.
*
Me cerco de mulheres fortes e homens
tristes, me dizem que sou alegre
que estou fazendo merda com a minha vida,
fosse eu mais dono de mim e passava
todos os dias cantando a capella pra vocês.
*
picoto papéis observando objetos de cobre,
leio eau de toilette numa embalagem escura
um calendário 2009 Ibovespa me confunde
e mesmo de longe este cheiro de dentista
Cacaso me sorri numa edição colorida
e eu sigo — caneta à orelha, cartola na mão
*
6.
já ali três vezes,
demora a se repetir
fui eu que cuidei em registrar
em três lindas fotografias
como a bandeira da França.
onde se vê um país em
símbolo, não fiz muito mais da vida.
quando eu achar a quarta
vou provar que estão errados
*
*
Leandro Rafael Perez nasceu em 1987 e tem a altura da Carmen Miranda com um chapéu-coco. Mora na divisa com Diadema, em São Paulo, e é formado em português e linguística pela USP. Tem um livro perdido pela internet (Pálpebras Amarelas, 2008) e pela editora Patuá publicou dois: lança além do real só, 2011, e turnê a meio mastro, 2014. Um poema seu consta na terceira edição impressa da revista Modo de Usar & Co. e escreveu uma série inédita para a revista virtual Geni.
(mais dele aqui no escamandro, clicando aqui)
Muito bom!