Vinícius Leonardi (1984) cresceu na cidade de Lapa-PR e mora em Curitiba. Interrompeu curta carreira em estudos de matemática e física teórica, dedicando-se desde então a outras ocupações. Interessa-se por literatura, filosofia e teologia. Escreve no blog http://www.aragemdeideias.blogspot.com.br/
Fluxo
Estremece a monotonia das rochas
vence
o lodo ensanguentado
ao vento
jorrando
carrega miríades veladas.
Vigor em vales,
alcança frutos
silencia o céu
delicia lágrimas
contempla montanhas
sussurros das musas
negros cabelos
desviam o horizonte
e a luz
apaga
rochas de ornamentos intangíveis
trazendo hino que abençoa as águas.
Agora só uma baía
e o calar da noite
sem melancolia.
Um pássaro encontra semente rara doutros ares.
Por isso
clamava a terra.
Chuva
A chuva
arrasta multidões
em gemidos
gritos de gozo.
Apaga a face do horizonte
elimina a memória
do que resiste
ao brotar de pus negro
dentre as chamas
da espada cravada no ventre infértil.
A imensidão, lodo
harmonia,
cintilar de cacos em trincheiras.
Estrelas não são mais.
E o mundo, único,
absurdamente único,
enforcado
no próprio não ser
enredado
pelos ardis do infinito.
Em um instante
intangível
lúcido
um menino se dobra
e o que as mãos enlameadas revelam entre os dedos
são lágrimas da eternidade.
Poço
Faz-me miserável
essa insistência
causas revoltas pelo vento
demência.
Faz-me miserável
em agruras
quando Ítaca revisitada
é nada.