joan salvat-papasseit é talvez a maior figura do modernismo catalão, sobretudo no futurismo. seguindo o padrão de vida maudit, libertário & anarquista, morreu novo, com 30 anos, de tuberculose, talvez num ato final de união entre literatura & vida. mas nesse pouco tempo publicou 5 livros: Poemes en ondes hertzianes, L’irradiador del port i les gavines, Les conspiracions, La gesta dels estels , El poema de La rosa als llavis. logo após sua morte, apareceu o volume Óssa Menor.
a sua poesia inclui caligramas & experimentos visuais próximos ao do futurismo italiano. mas tive a clara impressão, ao ler a antologia Nada é mesquinho, o escambau (única de que tenho conhecimento no brasil), que salvat-papasseit foi uma figura de transição forte, com temas herdados do simbolismo, um senso aguçado de modernidade & um domínio do verso tradicional, que resulta em alguns poemas amorosos impressionantes, como está pequena pérola de concisão, sentimento & som (aliás, a tradução é uma graça à parte, com seu jogo entre “coração” “cortava” & “urtiga”, “ardor” & “atiçava”):
Si, per tenir-la
( Si, per tenir-la, la feria al cor
….— era l’ortiga
…………………………………que alena cremor )
Se, para a ter
( Se, para a ter, seu coração cortava
…— era a urtiga…
……………que ardor atiçava )
(trad. de ronald polito & josep domènech ponsatí)
como encontrei três versões para o poema res no és mesquí — uma canção de joan manuel serrat (1943) que me foi indicada por joan navarro, além de duas traduções para o português — achei que melhor seria apenas entregar uma faceta do poeta, sem mais comentários
guilherme gontijo flores
* * *
ni cap hora és isarda,
ni és fosca la ventura de la nit.
I la rosada és clara
que el sol surt i s’ullprèn
i té delit del bany:
que s’emmiralla el llit de tota cosa feta.
i tot ric com el vi i la galta colrada.
I l’onada del mar sempre riu,
Primavera d’hivern – Primavera d’istiu.
I tot és Primavera:
i tota fulla verda eternament.
perquè els dies no passen;
i no arriba la mort ni si l’heu demanada.
I si l’heu demanada us dissimula un clot
perquè per tornar a néixer necessiteu morir.
I no som mai un plor
sinó un somriure fi
que es dispersa com grills de taronja.
perquè la cançó canta en cada bri de cosa.
– Avui, demà i ahir
s’esfullarà una rosa:
i a la verge més jove li vindrà llet al pit.
E toda onda do mar sempre riu,
Primavera de inverno – Primavera de estio.
E tudo é Primavera:
e toda folha verde eternamente.
e não chega a morte nem por ser demandada.
E se hás demandado ela te finge uma cova
porque da morte pra tornar a nascer necessitas.
E jamais somos choro
senão um sorriso fino
esparso à gomos de bergamota.
Olá, sou Adriandos Delima e agradeço pela publicação da tradução, que me deu muito prazer emproduzir. Porém, peço que corrijas o segundo verso da segunda estrofe substituindo “nem todo rico é tal vinho” por “e tudo é rico tal vinho e a face corada”, pois tratou-se de uma precipitação na tradução, cuja melodia levou um pouco da minha razão. Aguardo, muito me agradaria, o seu contato. Obrigado. Adrian’dos D’Lima, adriandosdelima@rocketmail.com
já vou consertar, adriandos.
e entro em contato com o teu email.
abraços