Carioqueida foi um poema escrito por inspiração simultânea de duas fontes: a Eneida de Virgílio e o malandrismo carioquês, infundido pelo Bernardo e bastante corrente em nosso grupo como filosofia composicional. Talvez uma releitura de colarinho da épica, uma Dido de mini-saia, um Enéias de bronze, de chopp e de malícia.
É meu costume homenagear os colegas com meus trabalhos, utilizando mecanismos, estilos e pensamentos em modo de emulação, fazendo uma mistura da minha própria dicção com a dicção dos outros. A imitação/emulação é uma das minhas técnicas preferidas. Nesse caso, o poema foi dedicado exatamente ao Bernardo Brandão.
malandro que é malandro
perde a mulher na esquina
acha outra
e chama de princesa
mas quando o bicho pega
cai fora (per sua dido?)
dizendo que Deus mandou
malandro, maluco
era o Enéias:
comia (escon)dido na gruta
não sabia velejar
caía na praia
e ainda tirava uma onda
Vinicius Ferreira Barth
O negócio, Vinícius, meu nego sócio sem ócio,
é que o Aêneo malandrã Anquiseido tinha aê
além da Creúsa esposa, na qual nunca bateu,
uma bendita maldita deusa Afrodita de mãe:
assim até Brutus, até você e até eu…
até,
Ivan, outro filho da mamã
hahaha, como diria o pound, esse enéias era um padreco.