Alejandra Pizarnik já apareceu diversas vezes aqui na escamandro, sendo a primeira em 2012: a tradução integral de seu primeiro livro La tierra más ajena/ A terra mais ao longe, em tradução do nosso então editor Vinícius Ferreira Barth, tradução primorosa que aliás muito me inspirou nas minhas próprias (suas traduções foram dividas em parte 1 e parte 2), e no mesmo ano Barth traduziu os seis poemas enfeixados como un signo en tu sombra. Depois se seguiram traduções minhas para um de seus últimos poemas, o longo en esta noche, en este mundo/ nesta noite neste mundo, e traduções de Natália Agra e Victor Hugo Turezo para os poemas Cielo/ Céu e El Miedo/ O Medo.
No ano passado fui convidada pela também poeta e tradutora Patrícia Lavelle a a enviar algumas traduções em curso para a sessão Arcas de Babel da Revista Cult. Se me pedem traduções em curso, só posso enviar poemas de Alejandra Pizarnik, comentei na apresentação dos Poemas de Sombra, enviados para a Babel como se deu meu contato com a obra de piknik:
“Em 2004 estive na Argentina junto com o Movimento Sem Terra (MST) em um evento da Vía Campesina no âmbito da Campanha Global pela Reforma Agrária. Fiquei alguns dias a mais por lá e travei contato com um pouco da literatura portenha contemporânea, dentre elas, a poesia de Alejandra Pizarnik, que embora hoje seja objeto de estudos e tenha ganhado traduções e na época já fosse uma lenda na Espanha, Argentina e outros países de língua espanhola, por aqui ainda estava sob brumas. E desde esse primeiro encontro, um alumbramento, um silêncio, um pássaro se debatendo em fuga a cada leitura.
As primeiras traduções de sua obra se iniciaram muito naturalmente, dessa maneira que fazemos quando lemos algo em outro idioma e traduzimos mentalmente; e essas leituras-traduções foram também uma maneira de me aproximar da língua, aprender a língua, amorosamente. A partir de 2011 comecei a traduzir sua poesia como uma forma mais aprofundada de leitura e pesquisa de sua linguagem, e em 2018 conclui a dissertação de mestrado onde traduzi sua obra poética completa.
Nesses mais de quinze anos de contato e tradução da obra de Alejandra – que chamo carinhosamente de piknikapós tanto tempo de intimidade de leitura –, acabo por entrar num círculo da própria autora: a escrita contínua das poemas: da mesma maneira que piknik era obcecada pela escritura de suas poemas, borrando e reescrevendo, sigo na mesma escrevendo e reescrevendo essas versões e traduções, que acabam sendo um outro original, outras poemas, já diferente do primeiro original e também da dissertação.”
Para quem quiser saber e ler e verouvir mais de minhas aventuras e traduções com piknik pode ir direto ao meu blogue – a poema, onde tem um imenso compilado. Mas para hoje para agora nesta semana e neste mundo de inferno nem sempre musical, disponibilizo aqui em pdf – obviamente gratuito – meu livro preferido em edição integral e bilíngue e com o texto inicial da minha dissertação (calma, só duas páginas, risos) – El Infierno Musical/ O Inferno Musical, que neste ano faz bodas de ouro! 50 anos! e que também é uma comemoração a poeta que na semana passada, em 29 de abril, completaria 85 anos.
Viva Alejandra Pizarnik. Viva a literatura feita por mulheres e corpas dissidentes. Viva a poesia. Viva a América Latina! Boa leitura!
“corpas”? ta zuando ne?